Vamos criar um guia completo com informações sobre os tipos de cimentos, marcas e outros aspectos relacionados. Vamos começar com uma definição do que é o cimento que usamos.
Perfeito! Vamos iniciar com uma definição clara e completa do cimento que usamos na construção civil:
O que é o cimento?
Cimento é um material em pó fino, geralmente de cor acinzentada, que ao ser misturado com água forma uma pasta com propriedades aglutinantes. Essa pasta endurece com o tempo, mesmo debaixo dágua, e tem a capacidade de unir outros materiais, como areia e pedra britada, formando o concreto e a argamassa elementos fundamentais na construção civil.
O tipo de cimento mais utilizado no mundo é o cimento Portland, desenvolvido no século XIX. Seu nome vem da semelhança da cor do material endurecido com a pedra extraída da ilha de Portland, na Inglaterra.
Composição básica do cimento Portland:
- Clínquer (principal componente, obtido pela queima de calcário e argila)
- Gesso (adicionado para controlar o tempo de pega)
- Materiais complementares, como:
- Escória de alto-forno
- Pozolanas
- Fíler calcário
Aqui ele já direcionou para o tipo mais comum que temos aqui no Brasil que é o Portland. Então vou questioná-lo sobre isso.
Já que você citou o cimento portland, vamos focar nele. Quais os tipos ou as classificações deste cimento?
Ótimo! Vamos focar nos tipos de cimento Portland os mais usados na construção civil brasileira. No Brasil, esses cimentos são regulamentados pela ABNT NBR 16697:2018, e sua classificação é baseada na composição, desempenho e aplicação.
Tipos de Cimento Portland
A sigla CP significa Cimento Portland, e os números indicam o tipo específico. Abaixo estão os principais tipos disponíveis no mercado brasileiro:
1. CP I Cimento Portland Comum
- Composição: 100% clínquer + até 5% de gesso.
- Características: Sem adições; pega rápida e alta resistência inicial.
- Aplicações: Obras que exigem controle rigoroso da mistura ou onde se deseja liberdade para escolher os aditivos.
- Exemplo: Pré-moldados, artefatos de concreto.
2. CP I-S Cimento Portland Comum com adição
- Composição: Igual ao CP I, mas com adição limitada de material pozolânico (até 10%).
- Características: Melhora a durabilidade.
- Aplicações: Estruturas sujeitas à ação de agentes agressivos moderados.
3. CP II Cimento Portland Composto
Tem três variações conforme o tipo de material adicionado:
CP II-E (com escória)
- Até 34% de escória de alto-forno.
- Boa resistência a sulfatos.
- Aplicações: obras em contato com esgoto ou solos agressivos.
CP II-Z (com pozolana)
- Até 14% de material pozolânico.
- Boa durabilidade e resistência a ambientes agressivos.
- Aplicações: fundações, barragens, obras em áreas litorâneas.
CP II-F (com fíler calcário)
- Até 10% de fíler calcário.
- Econômico e de uso geral.
- Aplicações: obras residenciais e de pequeno porte.
4. CP III Cimento Portland de Alto Forno
- Composição: 35% a 70% de escória.
- Características: Alta durabilidade, baixa permeabilidade, resistente a sulfatos.
- Aplicações: obras subterrâneas, marítimas, estações de esgoto.
5. CP IV Cimento Portland Pozolânico
- Composição: 15% a 50% de pozolana (como cinza volante ou metacaulim).
- Características: Alta resistência a ambientes agressivos e ganho de resistência a longo prazo.
- Aplicações: barragens, fundações profundas, obras em zonas costeiras.
6. CP V-ARI Cimento Portland de Alta Resistência Inicial
- Composição: alto teor de clínquer, sem adições significativas.
- Características: Ganho de resistência muito rápido.
- Aplicações: pré-moldados, estruturas que exigem desforma rápida, obras com cronograma acelerado.
Outros critérios de classificação
Além do tipo, os cimentos também podem ser classificados por:
- Resistência (25, 32 ou 40 MPa aos 28 dias)
- Baixo calor de hidratação (ideal para grandes volumes de concreto)
- Alta resistência a sulfatos (ARS)
Note que ele cita a questão da resistência, mas de uma forma muito breve. Então achei pertinente ir mais a fundo neste ponto que considero bem importante.
Sobre a resistência dele, como ela é calculada e como isso tem impacto na construção civil?
Excelente pergunta! A resistência do cimento é um dos principais parâmetros que definem sua qualidade e aplicação na construção civil, especialmente quando falamos do concreto resultante da mistura de cimento, areia, brita e água.
Como a resistência do cimento é calculada?
1. Ensaio de compressão
A resistência do cimento (ou mais precisamente do concreto ou da argamassa feita com ele) é determinada por ensaio de compressão.
Processo:
- Mistura padrão de cimento, areia e água é preparada.
- Moldam-se corpos de prova cilíndricos (concreto) ou prismáticos (argamassa).
- Os corpos são curados (mantidos úmidos) por períodos-padrão: geralmente 7, 28 e 90 dias.
- Após o tempo de cura, os corpos são colocados em uma prensa hidráulica que aplica força até que eles quebrem.
- A resistência é medida em megapascal (MPa).
Como isso impacta a construção civil?
1. Segurança estrutural
- A resistência à compressão define se o concreto suportará as cargas da edificação.
- Exemplo: pilares de um prédio alto exigem concreto de alta resistência ( 30 MPa).
2. Tipo de aplicação
- Concreto leve ou para calçadas: 2025 MPa
- Pisos industriais, fundações e vigas: 3040 MPa
- Pontes, lajes de aeroportos: 40 MPa
3. Velocidade da obra
- Cimentos como o CP V-ARI (Alta Resistência Inicial) permitem desformas e reutilização de fôrmas mais rápidas, acelerando o cronograma.
4. Custo-benefício
- Cimentos de maior resistência podem ser mais caros, mas permitem usar menos cimento por m³ de concreto para atingir a resistência desejada.
- A resistência influencia diretamente no traço do concreto a proporção entre seus componentes.
Embora os dados acima sejam muito úteis, para muitas pessoas importa muito o exemplo prático. Então vou provocar esta situação para ficar mais claro, especialmente para os mais leigos no assunto.
Quando chego em uma loja de materiais de construção e peço um saco de cimento para uso geral, qual é o cimento que normalmente vou encontrar?
Excelente dúvida! Quando você vai a uma loja de materiais de construção e pede simplesmente um saco de cimento para uso geral, o tipo que você quase sempre encontrará é o:
CP II-F-32 Cimento Portland Composto com Fíler Calcário (32 MPa)
Por que esse cimento é o mais comum?
Versatilidade
- Serve para alvenaria, contrapiso, reboco, concretos simples, calçadas, pequenas fundações e outras aplicações residenciais.
Custo mais baixo
- O fíler calcário (material de adição) é barato e permite reduzir o custo final do cimento.
Boa resistência para uso doméstico
- 32 MPa é uma resistência mais que suficiente para a maioria das obras comuns.
Facilidade de encontrar
- É o tipo mais produzido pelas grandes marcas (Votorantim, CSN, InterCement, etc.), sendo amplamente distribuído em todo o país.
Atenção: nem sempre o tipo vem destacado!
Na embalagem, normalmente aparece algo como:
- "Cimento Portland Composto"
- "Uso geral", ou
- A sigla CP II-F-32 ou apenas CP II-32
Se estiver em dúvida, verifique a etiqueta técnica ou pergunte ao atendente da loja qual é o tipo exato.
Muito bom. Agora vamos avançar para as principais marcas de cimento que temos aqui no Brasil. Faça uma lista delas com algumas informações que julgar pertinentes.
Perfeito! Abaixo está uma lista com as principais marcas de cimento disponíveis no Brasil, incluindo um breve perfil de cada uma, seus tipos de cimento mais comuns e observações úteis sobre qualidade e distribuição:
Principais Marcas de Cimento no Brasil
1. Votorantim Cimentos (marca: Votomassa, Itaú, Poty, Tocantins, entre outras)
- Fundação: 1933
- Abrangência: Presente em todo o Brasil e também em diversos países.
- Tipos comuns:
- CP II-F-32 (uso geral)
- CP IV (pozolânico)
- CP III (alto forno)
- CP V-ARI (alta resistência inicial)
- Destaques:
- Uma das maiores fabricantes do mundo.
- Marcas como Itaú e Poty têm forte presença regional.
- Boa consistência e confiabilidade.
2. InterCement Brasil (marca: Cauê, Cimento Brasil, Goiás)
- Fundação: 1968 (Grupo Camargo Corrêa)
- Abrangência: Nacional, com foco em SP, MG, BA e Centro-Oeste.
- Tipos comuns:
- Destaques:
- Forte presença em grandes obras de infraestrutura.
- A marca Cauê é muito reconhecida no Sudeste.
3. CSN Cimentos (marca: CSN)
- Ligada à: Companhia Siderúrgica Nacional
- Abrangência: Sudeste, Sul e Nordeste.
- Tipos comuns:
- Destaques:
- Produz cimento com escória de alto forno (subproduto da siderurgia).
- Boa performance em resistência e durabilidade.
4. Cimento Nacional (do grupo Buzzi Unicem)
- Origem: Joint venture ítalo-brasileira
- Abrangência: Sudeste, principalmente MG, RJ e SP.
- Tipos comuns:
- Destaques:
- Boa reputação de qualidade.
- Embalagens claras e informações técnicas bem destacadas.
5. Cimento Apodi
- Localização: Ceará, com atuação no Nordeste.
- Tipos comuns:
- Destaques:
- Modernas instalações industriais.
- Preços competitivos e bom desempenho regional.
6. Cimento Nassau
- Pertencente ao Grupo João Santos
- Abrangência: Norte e Nordeste (mais forte antes da crise da empresa).
- Tipos comuns:
- Destaques:
- Foi líder no Nordeste por muitos anos.
- Atualmente, presença mais limitada após dificuldades financeiras.
7. Cimento Mizu
- Fundação: Espírito Santo
- Abrangência: Sudeste, Centro-Oeste e parte do Nordeste.
- Tipos comuns:
- Destaques:
- Crescimento acelerado nos últimos anos.
- Boa relação custo-benefício.
Dicas úteis ao escolher uma marca de cimento:
- Verifique a data de fabricação cimento com mais de 90 dias pode começar a perder desempenho.
- Observe o tipo de cimento nem toda marca fabrica todos os tipos.
- Considere o transporte e armazenamento sacos mal armazenados absorvem umidade e perdem qualidade.
- Escolha marcas reconhecidas para obras estruturais para garantir desempenho e segurança.
Comprar o mesmo tipo de cimento, mas de marcas diferentes pode ter algum impacto negativo? Em outras palavras, existe um cimento melhor do que o outro?
Sim, comprar o mesmo tipo de cimento de marcas diferentes pode gerar diferenças perceptíveis, e isso pode impactar negativamente ou positivamente na sua obra, dependendo do caso. Vamos entender melhor:
Afinal, um cimento é melhor que o outro?
Sim, há diferenças entre marcas, mesmo que o tipo (ex: CP II-F-32) seja o mesmo.
Isso acontece por causa de:
1. Matéria-prima e processo de fabricação
- Cada fábrica utiliza insumos locais diferentes (calcário, argila, adições como pozolana ou escória).
- O processo de moagem, mistura e controle de qualidade varia.
- Isso afeta:
- Tempo de pega (secagem inicial)
- Trabalhabilidade (facilidade de aplicação)
- Resistência final
- Durabilidade
2. Controle de qualidade
- Marcas mais estruturadas (como Votorantim e InterCement) costumam manter um padrão mais estável, lote após lote.
- Marcas regionais ou menores podem apresentar variações maiores, principalmente em ambientes muito úmidos, se o cimento não for bem armazenado.
3. Compatibilidade na obra
Misturar cimentos de marcas diferentes (mesmo sendo CP II-F-32, por exemplo), pode gerar:
- Diferenças na coloração do reboco.
- Problemas de aderência se usados em camadas sobrepostas (ex: um reboco feito com cimento A e o emboço com cimento B).
- Variações no tempo de cura ou fissuras se houver mudança súbita de desempenho entre lotes.
Boas práticas para evitar problemas:
- Padronize a marca em toda a fase da obra, se possível.
- Evite misturar marcas/lotes diferentes no mesmo dia ou na mesma mistura.
- Se for mudar de marca:
- Faça testes pequenos antes.
- Compare visualmente e observe o tempo de pega e a resistência ao corte com a colher.
- Verifique sempre a data de fabricação (ideal até 60 dias antes do uso).
Conclusão:
Sim, existe cimento melhor que outro, mesmo dentro da mesma classificação técnica.As melhores marcas se destacam por regularidade, desempenho e controle de qualidade.
Então se um pedreiro tiver preferência por determinada marca de cimento, pode fazer algum sentido? Ou seja, por experiência de trabalhidade ele pode ter concluído que certa marca é melhor do que outra?
Exatamente! A preferência de um pedreiro por determinada marca de cimento muitas vezes tem fundamento técnico e prático. Não é só "mania" ou gosto pessoal essa escolha costuma se basear em experiência real de obra. Veja por que isso faz sentido:
Por que o pedreiro pode preferir uma marca de cimento?
1. Trabalhabilidade (facilidade de aplicar)
- Algumas marcas resultam em massas mais macias e fáceis de espalhar na colher ou desempenadeira.
- Isso faz o trabalho render mais e exige menos esforço físico.
2. Tempo de pega
- Um cimento que seca muito rápido pode atrapalhar o acabamento.
- Um que demora demais pode atrasar a obra.
- O pedreiro aprende com a prática qual marca tem o ponto ideal para o tipo de serviço que está fazendo (reboco, assentamento, contrapiso, etc.).
3. Consistência entre lotes
- Marcas de boa reputação entregam sempre um cimento com características previsíveis.
- Isso evita surpresas na obra, como massa esfarelando, fissuras, ou partes mal curadas.
4. Coloração e acabamento
- Alguns cimentos têm coloração ligeiramente diferente (cinza mais claro ou mais escuro), o que pode afetar o visual de rebocos e argamassas aparentes.
- O pedreiro que já domina o acabamento com uma marca sabe o resultado que vai entregar.
Exemplo real:
Um pedreiro pode te dizer:
"Prefiro o Cimento Cauê, porque a massa fica mais leve pra puxar e não seca tão rápido no calor."
Essa opinião tem base prática. Ele já testou, viu resultados e se adaptou àquela marca e isso influencia no tempo de execução e na qualidade final da obra.
Conclusão:
Sim, a preferência de um bom pedreiro por uma marca faz sentido técnico.E, na dúvida, é melhor seguir a indicação dele do que arriscar mudar para algo que pode não render bem ou comprometer o serviço.
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